terça-feira, 18 de agosto de 2009

Uma manhã perturbadora


Hoje pela manhã, eu peguei um ônibus que por sinal estava muito cheio (mais do que o normal), quando eu menos esperava , algo tomou conta do meu corpo, me dominou de uma maneira arrebatadora.

Continuei ali em pé, tentando me equilibrar no balanço daquela salna, em que vários homens: gordos, magros, negros e brancos, muitas mulheres: feias e bonitas balançavam-se ao ritmo dos quebra-molas, buracos e outros obstáculos, que o valente motorista tinha de enfrentar.

Tentei disfarçar, mas aquele algo continuava ali, me perturbando, irritando...

Então eu no meu intimo fui aprendendo aos poucos, a controlar, até mesmo quem sabe abafar aquilo dentro de mim, de uma forma que só eu pudesse senti-la.

Quando eu olhei pela janela avistei a bendita Estação Mussurunga, o meu coração se encheu de alegria, em saber que dentro de alguns minutos aquela tortura acabaria. Quando eu senti o solavanco do ônibus parando, pensei em toda aquela gente que estava ali dividindo comigo o sofrimento.

Mas sei que a minha angustia era única, pois eu tentei e não consegui controlar a maldita tosse.

Escrito por Thais Gouveia.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Essência do carnaval


Após tantas transformações o carnaval baiano teve uma grande repercussão em todo o mundo, pois graças ao trio elétrico a maneira como ele é festejado foi ampliada, o que abriu muitas portas para outras pessoas baianas ou não, virem prestigiar o nosso carnaval. O que foi bom, pois só assim a divulgação se deu, mas com o passar dos anos esta festa tão nossa e tão popular foi elitizada de uma maneira muito avassaladora.

Hoje em dia quando se fala em carnaval de salvador, pensasse em uma festa de rua onde só quem pode aproveitá-la é quem tem dinheiro para pagar os caríssimos camarotes e abadás, e as pessoas que não tem este privilégio, ficam a margem literalmente, pois nos blocos a população se faz presente com os cordeiros, e quando se trata foliões, os pipocas sofrem com a falta de segurança e infra-instrutora da festa.

Esta é uma realidade que não é passada pelos meios de comunicação que faz presente dois tipos de carnaval o da rua e o da televisão, os amadores que fazem o carnaval acontecer não são filmados nem ao menos entrevistados, eles são os cordeiros, vendedores ambulantes e muito mais.

O carnaval mostrado na TV é uma festa democrática onde todos podem e devem se divertir igualmente sem distinções de cor ou posição social, existem também os políticos que a todo o momento são mostrados e dizem que está tudo sobre controle tanto os assaltos, assassinatos e outras infrações que poderiam se tornar estatísticas. Mas a verdade vem à tona ao final da festa onde mostrasse a quantidade de mortos, desaparecidos, baleados, violentados e etc.

Mas apesar da triste realidade, tivemos um importante acontecimento neste ano de 2009, uma maravilhosa surpresa no carnaval de Salvador que foi a participação dos Novos Baianos com a presença de baby Consuelo um grande marco da música brasileira que cantou e encantou com Daniela Mercury no trio, este é um exemplo de que é possível trazer cultura para o carnaval e lembrarmos sempre que ele é sinônimo de expressão cultural e não rejeição.

Assim podemos ver que nem mesmo todos esses problemas sociais e econômicos tiram desta festa o seu verdadeiro valor cultural, pois é neste momento em que a alteridade dá espaço a coletividade, é nesta festa que o eu tornasse nós, nela todos os ritmos se misturam, todas as culturas se encontram e todos os povos se entendem.

Faz parte do meu show.

Faz parte de mim e do meu show:

chorar sem medidas;
amar desesperadamente;
viver intensamente;
ser feliz;
fazer feliz quem anda comigo;
fazer o que eu gosto, como se fosse a ultima vez que a fizesse;
cantar;
dançar rir;

e no fim de mais um dia
pensar em tudo o que eu quero fazer ;
tudo o que eu desejo realizar ;
tudo o que eu preciso melhorar;
e agradecer por tudo o que conquistei .

Patologicamente otimista.

Já que todas as linguagens são linguagens, que vem de gramáticas,
que buscam falar,
e são necessariamente jamais idênticas,
como isso poderia ser qualquer espécie de lugar tranqüilo?

mesmo que consciente ou inconscientemente, só queiramos ser aceitos pelo que somos. E o que somos vai mudando a cada dia.

e aceitem-nos ainda assim mesmo com essas mudanças...

eu sou diferente de você, me aceite,
eu falo outro idioma,
uso outros fonemas,
aliterações,
metonímias,
e metáforas,
(principalmente as metáforas),

que jamais terão as mesmas estrelas e luzes, distantes por trás, e a mesma noção do deus que devora seus filhos, e parecida farsa de nós canibalizando a nós mesmos e uns aos outros, para que nos traduzamos, e assim dominamos, e ao mundo, e conseqüentemente aos outros, e que se não nos reconhecem, se olham nossos olhos amarelados e dizem ser acinzentados, e se a todo custo é necessário que acreditem que eles sejam amarelados na verdade, mas não que acreditem tão somente, mas que de fato sejam também para o outro, amarelados, e que se eventualmente dissermos que

não importa o que o outro pensasse sobre nossos olhos
ou nossas idéias
ou nossas verdades
ou nossos gestos
ou nossos gritos,

que no fim não importa,

é porque pensamos de alguma forma que é uma espécie de verdade nossa que é, fanaticamente e fantasticamente,

nada mais que,

não muito menos que,

a escrita circunscrevendo e inscrita no mundo.

medonho.

aterrorizador.
labiríntico,
só que com todas as portas lacradas.

pior ainda:

inexistentes.

THAIS GOUVEIA.